Catadores e catadoras obtêm apoio governamental para aumentar sua resiliência às mudanças climáticas

• Um novo estudo realizado pela WIEGO mostra que 90% dos catadores e catadoras entrevistados em diferentes regiões do Brasil sofreram com eventos meteorológicos extremos relacionados às mudanças do clima

• Ministério Público de Minas Gerais assina compromisso para desenvolver resiliência climática entre catadores e catadoras

• WIEGO faz forte recomendação ao governo de Minas Gerais e ao setor privado para fortalecerem o diálogo com as cooperativas de catadores e catadoras

Minas Gerais, 7 de novembro: Na manhã de hoje, catadores e catadoras do Brasil garantiram o compromisso do governo do estado e do Fórum Municipal Lixo e Cidadania (FMLC) de Belo Horizonte de que irão tomar medidas em prol do desenvolvimento de resiliência climática.

O Ministério Público de Minas Gerais e o FMLC de Belo Horizonte assinaram as cartas-compromisso juntamente com o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis do Brasil e com a WIEGO, em vista dos eventos meteorológicos extremos causados pela mudança climática.

Entre os compromissos assumidos estão a documentação do impacto dos eventos meteorológicos extremos nos catadores e catadoras, a educação ambiental para conscientizar a população, a mensuração do impacto ambiental positivo do trabalho realizado por catadores e catadoras (por meio de uma ferramenta que mede a quantidade de gases de efeito estufa mitigada por meio da sua atividade de reciclagem), e o apoio a políticas públicas de gestão de resíduos sólidos que garantam a participação de catadores e catadoras no setor de gestão de resíduos.

O Promotor de Justiça e Coordenador da Coordenadoria de Inclusão e Mobilização Sociais do Ministério Público de Minas Gerais, Paulo Cesar Vicente de Lima, afirmou que tais compromissos foram assumidos a partir das lições apendidas com os resultados da pesquisa da WIEGO, intitulada ‘Impacts of Climate Change and Adaptation Strategies: Experiences of Collectors in Brazil’ [Impactos das mudanças climáticas e estratégias de adaptação: Experiências dos catadores e catadoras de materiais recicláveis do Brasil].

“O estudo realizado pela WIEGO ajuda o poder público a compreender os desafios atualmente enfrentados por catadores e catadoras e nos abre os olhos para questões contemporâneas, como a relação desse setor com as mudanças climáticas”, disse ele.

“A busca pela garantia dos direitos fundamentais de catadores e catadoras é parte do planejamento institucional do Ministério Público de MG e um dos eixos centrais da Coordenadoria de Inclusão e Mobilização Sociais”.

Os compromissos fizeram parte de um diálogo sobre políticas co-organizado pela WIEGO em parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte, com o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis e o Ministério Público de Minas Gerais, realizado no auditório da Prefeitura de Belo Horizonte. Durante o evento, a WIEGO apresentou sua pesquisa, mostrando que mais de 90% dos catadores e catadoras entrevistados em todo o Brasil sofreram com eventos meteorológicos extremos relacionados às mudanças climáticas no ano passado. Muitos e muitas relataram que tais eventos impactam negativamente sua saúde, sua renda e seu trabalho.

Condições meteorológicas extremas impactam a saúde e a renda de catadores e catadoras

Climate-Change Impacts and Adaptation Strategies: Waste Pickers’ Experiences from Brazil busca entender como as mudanças climáticas estavam impactando a renda, o trabalho de catadores e catadoras, além das estratégias de enfrentamento e adaptação utilizadas. Cerca de 100 trabalhadores e trabalhadoras de Manaus, Amazonas; Salvador, Bahia e Belo Horizonte, Minas Gerais foram entrevistados e entrevistadas para a pesquisa.

Sonia Dias, investigadora sênior, afirma que, com as mudanças climáticas acelerando mais rapidamente do que o previsto, é vital entender o seu impacto nessa força de trabalho.

“Nas cidades, notamos que eventos climáticos extremos afetam os catadores e as catadoras: alguns sofreram desidratação, insolação, fadiga e exposição a organismos patogênicos devido ao calor extremo. Muitos outros disseram que condições meteorológicas extremas podem degradar a infraestrutura do seu local de trabalho, danificar seus materiais recicláveis e limitar sua capacidade global de trabalhar,” afirmou.

“Catadores e catadoras ajudam a reduzir a poluição e as emissões de carbono nas cidades brasileiras. Mantêm as nossas cidades limpas e desempenham um papel vital na mitigação das alterações climáticas, por isso é justo que os e as apoiemos no enfrentamento dos impactos das condições meteorológicas extremas”.

Dias comemorou o compromisso do governo de Minas Gerais e do FMLC de Belo Horizonte de se envolverem e apoiarem catadores e catadoras no desenvolvimento de resiliência para enfrentar as mudanças climáticas. Ela destacou a importância desse tipo de colaboração entre diferentes áreas: “Precisamos de colaborações intersetoriais e que os governos municipais invistam em espaços de trabalho com infraestruturas pensadas para as mudanças climáticas, possibilitando que catadores e catadoras maximizem o trabalho incrível que já realizam como agentes ambientais”.

Para mais informações ou entrevistas, entre em contato com:

Nicole Pryor em nicole.pryor@wiego.org, Graciela Mora em graciela.mora@wiego.org ou Kendra Hughes em kendra.hughes@wiego.org (EST).

Notas do editor

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